SEPULCRO
Neva, neva esta neve
Que branca a natureza
Torna
E veste e enche
E contorna
Pouco a pouco
Igualando a forma
Do arco ao mais agudo
Ângulo.
Neva, neva esta neve
Que sufoca o som
De quase tudo
Com macia mordaça
De branco veludo.
E as palavras faladas
Neste denso ar
Têm sílabas congeladas
A se transformar
No inimitável flóculo
Inaudível em seu tombar.
Neva, neva esta neve
Que tanta
A tudo sepulta
Neste mausoleum deserto
Minh'alma nāo-branca
Meu corpo por perto.
Paulo Corrêa Meyer
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