Como já disse este final de ano foi tempo de reencontros. Esta poesia meu irmão poeta, que este ano estava também aquí no Natal, fez há muito tempo para nossa irmã Vera. Está colada no verso de um quadro onde ele fez uma montagem com duas fotos: a foto da Vera aos 15 anos em frente da lareira do escritório de nosso pai e a foto de Florença, sua linda filha, que tem uma semelhança incrível com a Vera. Nas fotos elas estão na mesma posição, com a mesma inclinação de cabeça e com o mesmo doce olhar.
Se penso
Em seu olhar,
Em seu sorriso,
Presos
Pra sempre,
Na máquina
Do tempo,
Retida imagem
Na câmera
Da memória,
Na retina
Do instante,
Do momento,
No agora...
Se penso
Em seu sorriso,
Em seu olhar
Que então
Olhava,
E olha,
No presente,
Paisagem
Tão distante
Porém
Tão imediata:
Do passado,
Do corrente,
No quase
Incoerente
Passar de horas,
Anos, décadas
E vidas...
Se penso
Em seu olhar
Em seu sorriso
E me pergunto
O por que
Do tal olhar
Do tal sorriso
E tal doçura,
Desta lembrança
Que
Fica,
Como reflexo,
Em lago
Tão sereno...?
E
Me respondo
Perplexo
Do óbvio
Que de repente
Me fita
Em frente
Da lareira
Na casa antiga:
Uma imagem
Na outra
Copiada,
Como
No espelho...
Como se
O sorriso
O olhar
E a doçura
Se projetassem
Além
Da memória
E da fotografia,
A duplicar
A si mesmos,
Através
Do espaço
Que nos une
Pra sempre
E pra sempre
Nos separa:
Como
No retrato
Daquele olhar,
Daquele sorriso,
Daquela
Doçura...
Paulo Corrêa Meyer
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