quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

QUINTA DE POESIA






UM DOMINGO

Hoje é domingo -
logo, não há pressa em sair da cama!
Posso ler o jornal inteiro,
tomar o café da manhã em pijama,
não fazer a barba, ou escolher a cor da gravata.

Hoje é domingo -
mas alguém trabalha para me servir:
a caipirinha gelada, compartilhada com amigos;
o almoço festivo, que alguém preparou a seguir.
Para eles, o domingo só começa amanhã.

Hoje é domingo -
portanto, é dia de correr e tomar sol;
levar mulher e crianças ao parque, ler à sombra.
Aos destemidos, a tentação de ir ao futebol.
Aos operosos, consertar a torneira que vaza.

Hoje é domingo -
e, para muitos, é da mais completa irrelevância!
O assaltante nunca pensa em descansar:
é mais fácil operar quando há menos vigilância.
Pode ser dia dos mais vivos transcender os vivos...

Hoje é domingo -
e muitos dão graças a Deus por seus feitos:
prodígio, que do nada tudo criou em seis dias.
Pais agradecem por seus filhos perfeitos,
sem saber o que o futuro a cada um reserva.

Hoje é domingo –
mas a TV mostra o pó a cobrir as crianças de Alepo
e, de sua praça, Francisco me pede fé e orações.

Sou grato ao calendário por me devolver à segunda-feira.


                        D. O. d’Avila




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