quinta-feira, 12 de julho de 2018

QUINTA DE POESIA






Gotas
                                                 
                           Tristes gotas, redondas inocentes gotas.
                                                       Julio Cortazar


Quando o mar rugia e os rochedos
afiavam pontas, pontiagudas
pontes
caminho efêmero onde passeava o mar,

quando,
obedecendo falsos portulanos,
grandes pinheiros perdiam-se em neblina

quando tudo era presságio
e em nosso assombro era verdadeiro

no verde das agulhas, no apontar dos galhos,
resistiam  gotas, benfazejo orvalho.

Estavas , não as escutaste ?
Estavam , não as percebeste ?

Em nossos beijos, cada vez menores, em nossas bocas,
cada vez mais puras
restavam gotas, último setembro.

Estavam , não as entendemos.

Desperdiçamos grandes tempestades,
os majestosos raios, todos os lampejos.
perdemos tudo, até o mais pequeno.

Ana Mariano
















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