quinta-feira, 11 de outubro de 2012

QUINTA DE POESIA







SEPULCRO



Neva, neva esta neve
Que branca a natureza
Torna
E veste e enche
E contorna
Pouco a pouco
Igualando a forma
Do arco ao mais agudo
Ângulo.

Neva, neva esta neve
Que sufoca o som
De quase tudo
Com macia mordaça
De branco veludo.

E as palavras faladas
Neste denso ar
Têm sílabas congeladas
A se transformar
No inimitável flóculo
Inaudível em seu tombar.

Neva, neva esta neve
Que tanta
A tudo sepulta
Neste mausoleum deserto
Minh'alma nāo-branca
Meu corpo por perto.

Paulo Corrêa Meyer

Nenhum comentário: