quinta-feira, 14 de março de 2019

QUINTA DE POESIA





Sucomágica

Retorno
À casa materna
Meu tranquilizante
Instantâneo
Quando penso
Que a refrega
Em que
Me envolvo
É puro
Sem-sentido

Entro
Às vezes
Pela porta
Da frente
E fico no hall
De entrada
Recordando
Suas transformações
Através do tempo:
Portas
Que foram,
Diferentes pisos,
As diversas cores.

É tarde de verão
Que vai em meio
E todos
Os ruídos e
Barulhos que
Ouço
São familiares
Da casa e da rua
E a casa
Se transforma
No universo
Da criança.
Retorno
À casa materna
Como a tomar
Um valium
Que me distancie
Das besteiras
Ritualísticas               

Da existência
Adulta
E que me leve
Ao nível
Menos sutil
Das preocupações
Menores
Cujas respostas
Estavam certas
Numa gaveta
Da próxima sala,
Embaixo do tapete
Do quarto,
Entre as gotas
Do chuveiro
Nos cheiros
Que vinham
Da cozinha
No som
Das cigarras
Do parreiral
Pesado de uvas
De muitas cores
Que
Se transformavam
No suco púrpura
Através
Da mágica
Duma mulher
Chamada Tiloca.


Paulo Corrêa Meyer