Chamou minha atenção no New York Times este artigo sobre o trabalho de Houssein Fatemi, um premiado fotógrafo iraniano que vive entre o Afeganistão, Iran e Estados Unidos.
VERDADES VELADAS
“Um dia, estava caminhando com uma amiga em Teerã, quando ela foi levada
pela polícia e mantida num recinto por vária horas. Seu crime? Não estar
vestindo o necessário hijab – o lenço de cabeça que, em certas interpretações
do Corão, mulheres devem usar sempre que estiverem na presença de homens que
não sejam parentes próximos. No Irã, o governo insiste para que todas usem.
Disseram a minha amiga que mandasse buscar, por alguma amiga, o hijab
para que o vestisse. Até que chegasse não poderia sair. Disse-me ela que eu não
deveria tirar apenas fotos de guerras, mas que deveria documentar o que as
iranianas estavam passando na vida pública de uma grande cidade como Teerã. Ela
me inspirou a fazer este projeto.
De abril último até setembro, fotografei cerca de vinte mulheres que
aceitaram participar. Eram de diversas classes sociais. Algumas voluntariamente
usavam o hijab, outras vestiam-no apenas por ser obrigatório. O uso do hijab é garantido
por uma milícia voluntária, a Basij, bem como pela chamada polícia “diretiva”.
Elas circulam pelas ruas de Teerã e de outras cidades iranianas, controlando a
observância religiosa.
Vestimenta imprópria, incluindo a cobertura incompleta da cabeça, ombros
e colo feminino em público é ilegal e pode causar prisão e multas. Ainda que o
novo presidente do Irã, Hassan
Rouhani, visto por muitos como moderado e reformador, tenha afirmado em público
que as regras do vestuário feminino deveriam ser transmitidas pela educação,
mais que impostas pela polícia, as mulheres iranianas continuam a enfrentar
censura pelo uso de vestimenta não suficientemente modesta.”
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