De
amor e tramas
E a
cada manhã nos lançamos céleres,
crestados
de sol, nucas em febre,
deixamos
passar o fundamento,
abraçamos
a carne ocasional.
Ouvimos
gritar as gaivotas,
os
navios achatados de horizontes
e o
céu, ainda claro, de novembro.
Vontade
de partir,
deixar
no cais as tramas sem sentido.
Quantas
mãos nos manusearam,
quantas
perdemos,
em
quantas enredamos palmas
e ao
partir rompemos.
Redes
porosas em nós urdidas
ficamos
a esperar alguém que nos remende.
Esse
entre-nós, esses buracos,
sem
eles, não,
e,
no entanto,
os
queremos preenchidos.
Cabeças
baixas, costas humildes,
pelo
ar carregado de viagens
prosseguimos.
Queremos
a estrela.
Ana
Mariano
Olhos
de Cadela
L&PM
2006.
Imagem: via Browndresswithwhitedots
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