quinta-feira, 13 de outubro de 2016

QUINTA DE POESIA







MASCULINO SINGULAR

Quase sempre sério e taciturno,
fala muito pouco - menos escuta.
Mas, corretamente estimulado,
transborda juízos categóricos.

Sobre a Existência, somente certezas.
A origem das galáxias, o voo dos besouros
e sexo casual acendem fúlgida eloquência.
Versado em tudo; dispensa informações.

Perder os óculos é sempre perturbador:
como não lembrar onde os deixou?
E um chefe sempre a cobrar? Quê fazer.
Silenciar. Demissão há de ser pior...

Tem somente o cotidiano a perturbá-lo;
à mulher não inquieta o porvir de Alfa Centauri
e, na prática, o Universo é mais complexo.
Calar-se. Erudição? Só ocasionalmente, e fora.

Serei eu? Somos todos?
É um homem.



D. O d’Avila





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