A poucos passos do poço,
garça
esquiva pousada,
sem
placa nem tabuleta,
nas
dobras da desrazão,
filha
mortal dessa terra,
herdeira
de Prometeu,
grita
– o rei está nu!
O
ar se crispa ao ouvi-la
e
um vento sem paradeiro
quer
devorar sua casa.
Que
seja colo cortado,
muro,
limite de rua,
abotoado
silêncio
debaixo
de um paletó.
E,
no entanto, ela insiste
na
mais pura insensatez.
O
seu olhar clandestino,
de
proa parindo estrelas
tem
um rasgar, um clarão,
é
sangue
correndo
solto
no
veio escuro dos mármores,
brasa,
urtiga madura,
ardendo
ainda, em silêncio.
Ana Mariano
Imagem: Google modificada por mim
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