Na próxima quinta-feira, dia 13, às 20hs será o lançamento do primeiro livro de poesias de meu irmão poeta na Feira do Livro de Porto Alegre. É o mesmo poeta que todas as quintas está aqui no blog!
O Poeta Paulo
Corrêa-Meyer,
Das palavras um sommelier,
Pediu-me, depois
de um vinho,
Que escrevesse um
textinho
Falando de sua
coleção de poesia.
Eu, honrado,
aceitei com alegria,
E aqui vai para o
que der e vier
O pedido
comentário. Já adivinho
Que o bom Paulo
com sua sabedoria
Perdoará se lhe
falhei no mister.
Paulo Correa-Meyer
é um intimista do etéreo. Na sua poesia o lírico invoca o imaginário, tendo
pontes de familiaridade, âncoras na realidade. Realidade onírica mas também
concreta. Encontra-se com o elefante debaixo da mesa, com o qual já nos
encontramos. Agarra-se à boia que chamamos vida em uma crítica árdua da
ignorância e crueldade humana. Descreve a harmonia da tristeza e indaga como
navegar neste nevoeiro.
Estas poesias,
trabalho de muitos anos e de muita sensibilidade, transmitem a angústia do
poeta, deslocado de seu meio, forçado a viver o pragmatismo da existência, mas
habitando o planeta da nostalgia e da saudade. O aniversário de Gabriel, a
louvação de Gus envolvem o leitor de forma vicária, trazendo-nos à intimidade
da família e da ausência.
As construções
elegantes, abstratas ou não, demonstram um profundo respeito pela língua
portuguesa. Essa é qualidade rara nas pessoas vivendo o exílio linguístico,
vivendo o quotidiano em um idioma adventício, uma linguagem distante daquela
recebida dos pais e do país que nasceu. Há expressões em francês e inglês porém
não há galicismos e anglicismos. Trompe
l’oeil, Hommage e Flash-back cabem confortavelmente,
vícios de linguagem não há.
Ao longo das
poesias vamos conhecendo as criaturas queridas, suas datas e eventos, as
lembranças e as esperanças. O Alfredo-gato, o sorriso de Katharina, Emily,
Mário e o Dez de Março vão penetrando nossa consciência e
despertando a imaginação do leitor. Todos temos nossas nostalgias e
melancolias. Esta coletânea oportuna de poesias as toca, estimula o sentimento.
A emoção resultante não é lástima, é esperança, é até alegria.
O amor incerto,
duvidado, às vezes confuso vai se expressando:surge às margens, domina,
lamenta, conclui. Às vezes é pleno, em outras ocasiões é sutil. A tortura doce
que vem servindo de combustível e substrato aos poetas de todos os tempos
recebe aqui tratamento de colírio da alma com dose de boa intensidade.
Esta poesia não é alexandrina.
A métrica não governa, a rima está presente e é bem comportada mas o ritmo que impera é o conceito, a imagem,
a metáfora e a imaginação. A forma tem rigor, disciplina. Percebe-se o ritmo
poético no conjunto dos pensamentos e das expressões. Estes versos são para
quem sente. Não devem ser lidos com pressa. Podem ser servidos a qualquer hora
em qualquer ordem. Alguns podem ser lidos em voz alta, mas a maioria são para
reflexão lenta, calada, para meditação coroada de ternura e angústia.
Julio Casoy
Wayne, 2014
Um comentário:
Parabéns !
MT
Postar um comentário