Helena
A vida que
atravessava
o seu peito tão escasso ,
de segunda a
sexta-feira,
(sopa rala,
prato raso)
passava sem
perceber.
Mas era ainda
domingo
e o seu homem,
aos domingos,
montava nela
apressado
esparramando o
cinzeiro
e a raiva
surda, salário.
Helena não
reclamava.
Amor talvez
fosse isso,
a casa limpa,
arrumada,
os restos de
uma esperança .
e os filhos
dormindo ao lado
Um dia,
talvez, quem sabe,
se o calor não
fosse tanto
cinza, cimento
pesado,
o mesmo homem de sempre
com boca nua
beijasse
e Helena
(corpo
pequeno)
e Helena
(peito
apertado)
no lençol de
todo dia,
estampadinho
passado,
seria uma
outra Helena,
por uma vez
demasiada
Ana Mariano
Imagem via: Browndresswithwhitedots
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