quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

QUINTA DE POESIA 2



Sempre posto para as Quintas de Poesia nos primeiros minutos do dia ou da noite, como queiram! E... agora, lá onde mora o poeta, meu irmão, ainda é o dia anterior (3 horas de diferença para menos!) Ele viu a poesia que postei e inspirado nela  fez esta outra!


  ESTALO

De onde teria vindo o estalo. Maria?
Da aldrava, do puxador, da ventania?
Donde se formou este som impreciso
Aos meus ouvidos recém adormecidos?
Dormiria eu co'os anjos ou dormitava
Com demônios que mal eu dominava?
Onde estaria tua alma pr'afastar o medo
De não sonhar co'o Luiz, o Ivo, o Mario, o Alfredo?
Que resolveram partir sem que eu pudesse
Me despedir mesmo que o quisesse...
Donde vem este som que soa como um silvo
De um guarda-noturno que passa pensativo
Que dobra a esquina e se perde na bruma
Desta madrugada fria, úmida, chuvosa e uma
Que me faz mais perdido e tão desorientado
Como um vagabundo no deserto frio e que,siderado,
Fica a esperar uma luz, uma fagulha, um sinal
Algo prá seguir como a estrela de Belém
A voz da Dolores Duran na Noite do Meu Bem
Algo familiar do passado,desnecessária explicação
Do que vai na tua cabeça, nos cantos do teu coração
Donde vem este estalo, Maria, é da porta da frente
Do portão, do pátio, da garagem ou do alpendre?
Ou de uma só uva do meio dum cacho no parreiral maduro
Ou da acha a partir a lenha cedo na manhã, ainda escuro
Pro fogo no fogão, pro cheiro do feijão, prá esquentar
A água na serpentina, pro primeiro banho da menina estar
Na temperatura certa, naquele dia naquele Verão que vai
Longe na memória, longe desta hora, longe deste estalo que cai
Fora desta lógica, fora desta noite, fora desta casa onde eu dormia
Quando ouvi o estalo, donde ele viria, dize-me tu,minha Maria...

17/12/14.

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