quinta-feira, 23 de junho de 2016

QUINTA DE POESIA






Cabelos brancos, marca o calendário
não é mais tempo de flores ocultas.
O que vivia no emaranhado,
o que era febre, pranto e ressonância
de flor oculta, nos cabelos brancos
deve tornar-se terra devoluta,
deve morrer em branca simetria.
Na casa antiga, tumba de quimeras,
ninho forçado de sabedorias,
com meus fantasmas,plácidos fantasmas,
confundo noites, entrelaço dias.
Tento bordar fronteiras e limites,
e as porteiras fechadas de um potreiro
onde fui égua e garanhão um dia.
Mas é incerta a colcha onde os retalhos
ora são muros, ora são demônios
reinventando flores não apenas brancas.

Ana Mariano
Olhos de Cadela
L&PM 2006





Foto: minha

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