Cabelos brancos, marca o calendário
não é mais tempo de
flores ocultas.
O que vivia no
emaranhado,
o que era febre,
pranto e ressonância
de flor oculta, nos
cabelos brancos
deve tornar-se terra
devoluta,
deve morrer em branca
simetria.
Na casa antiga, tumba
de quimeras,
ninho forçado de
sabedorias,
com meus fantasmas,plácidos
fantasmas,
confundo noites,
entrelaço dias.
Tento bordar
fronteiras e limites,
e as porteiras
fechadas de um potreiro
onde fui égua e
garanhão um dia.
Mas é incerta a
colcha onde os retalhos
ora são muros, ora
são demônios
reinventando flores não
apenas brancas.
Ana Mariano
Olhos de Cadela
L&PM 2006
Foto: minha
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